ANJ celebra o JC e os Centenários da Imprensa Brasileira
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O Jornal do Commercio (JC) ao completar, neste 2025, 106 anos, esplende, nas suas páginas, uma síntese de sua extensa e intensa trajetória ao longo de décadas, uma história que harmoniza tradição e inovação. Nos últimos seis lustros conquistou vários prêmios nacionais e regionais de jornalismo, como doze prêmios Esso, quatro Vladimir Herzog e dezenas de prêmios Cristina Tavares, um dos mais importantes de Pernambuco.
Esse lauréis emolduram o seu tempo na perspectiva histórica.
Festejar mais este reconhecimento, vindo da Associação Nacional de Jornalismo (ANJ), é renovar compromissos, mantendo acesa a chama do trabalho que remonta aos longes de mais de uma centena de anos vividos sob a experiência de muitos dos seus protagonistas, jornalistas de renome, que escreveram e escrevem, com denodado esforço, um trajeto que somente tem honrado os valores políticos, sociais e culturais de nosso Estado e da nossa Região.
Celebrar é preciso! Somos intérpretes dos fatos regionais e nacionais e, neste cenário, está o JC, cada vez mais presente aos acontecimentos que mereçam relevância e audiência.
Saulo Moreira, no seu livro “JCPM. O Grupo e a trajetória de João Carlos Paes Mendonça, o empresário que gosta de gente, de trabalho e de mudar a vida das pessoas,” prefaciado pelo tri-imortal José Paulo Cavalcanti Filho, externa:
“Em 1987, as virtudes de João Carlos e seu perfil empreendedor, que àquela altura, era amplamente percebido pelo mercado, o levaram a ser chamado para uma empreitada num segmento que ele não dominava: assumir e salvar da malsinada falência o Jornal do Commercio e suas emissoras de Rádio e TV, um dos símbolos do que se convencionou chamar de pernambucanidade.”
O JC atravessava uma crise avassaladora, vista a olho nu como intransponível, mas o nordestino de Sergipe e, recifense e pernambucano, por cidadanias honrosas, pegou do timão, formou uma equipe de profissionais competentes e da sua confiança para salvar o barco que estava, em águas turvas, à deriva.
Na sua equipe, entre os principais postos, estavam: Eduardo Lemos, superintendente, Sérgio Moury Fernandes, na parte administrativa e comercial, e, no coração do jornal, na redação, Ivanildo Sampaio, que foi maestro do quadro de jornalistas e redatores, sobretudo os que foram fiéis à destinação histórica deste jornal-símbolo do nosso Estado.
Formado o time, os quixotescos lutadores, trabalhando em conjunto e harmonia, começaram a sorrir os sorrisos somente reservados aos vencedores.
Agora, sob os eflúvios de mais uma honrosa distinção, chega à cerimônia dos 106 anos em 2025 -quando foi representado por Vladimir Melo, superintendente do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC). Ele destacou o papel do jornal na formação de leitores e no combate à desinformação.
Dizia Bernard Shaw que não há história sem jornalismo, sem a participação da imprensa. Quando vieram o Rádio e a Televisão, temia-se pela sorte do jornal. O grande público teria, com os novos meios de comunicação um veículo penetrante das ideias e dos fatos, sem maiores esforços.
No entanto o jornal foi resiliente, não decresceu, mesmo agora quando se depara com ações velozes no campo da tecnologia, ênfase à Inteligência Artificial (IA) e à adequação às novas linguagens incorporadas à cultura dos tempos atuais.
Resiliente porque o jornal é o documento. O tempo aprisionado nas coleções, mesmo que em páginas virtuais. A própria história social no que escreveu e que, num dado momento, é um documento humano da maior valia.
Em 2021, consoante a tendência ligada às novas formas de consumo de notícias, passou a ser 100% digital, seja por meio do site do JC (jc.com.br) e do aplicativo do JC para celulares e tablets. Em 2022, ainda na esteira da modernidade, com o objetivo de democratizar amplamente o acesso à informação a tempo e a hora, alcançando ainda mais a sua imensa legião de leitores, passou a ter seu conteúdo aberto e sem barreiras.
A partir de então, o JC fortaleceu sua presença em todas as plataformas digitais, sendo, desde lá, referência nacional também em audiência. No ano passado, o JC teve 182 milhões de usuários únicos, com média mensal de 15 milhões.
Na edição de 03/04/2004, referindo a uma outra honraria recebida, diz o diretor de Redação do JC, Laurindo Ferreira: “hoje cem por cento digital e muito mais lido, o JC vem passando por profundas transformações. São mudanças que ocorrem em vários jornais do Brasil e do mundo. No caso do JC, o que não muda – porque é inegociável – é a nossa força como marca de respeito, relevância, credibilidade e audiência. Os prêmios e a audiência crescentes, claro, são parte desse reconhecimento”.
A homenagem prestada pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) ao Jornal do Commercio (JC) e aos veículos brasileiros que ultrapassaram a marca de um século de circulação tem um significado maior do que um ato simbólico.
Cuida-se de um notório reconhecimento público da importância histórica, cultural e social de instituições que ajudaram a moldar o país, anotando transformações profundas, desafios e conquistas ao longo de várias gerações.
Em um panorama de mudanças aceleradas no consumo de informação e na dinâmica das mídias, valorizar a trajetória dos jornais centenários é reafirmar o compromisso com um jornalismo de qualidade, com a defesa da democracia e com o direito constitucional à informação.
O Jornal do Commercio está entre esses pilares do jornalismo brasileiro. Com uma trajetória assinalada pela inovação, pela árdua defesa dos valores democráticos, libertários e pelo compromisso com a sociedade pernambucana e nordestina, o JC não apenas se firmou como referência regional, mas também como voz ativa no cenário da imprensa nacional.
A homenagem da ANJ exalta não apenas a longevidade, mas sobretudo a capacidade do jornal de se reinventar, mantendo sua essência editorial ao mesmo tempo em que incorpora novas linguagens, tecnologias e formatos
Roberto Pereira, professor.



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