Quem foi Roberto Macêdo, um dos homens mais ricos do Ceará e empresário da J. Macêdo? – Negócios
O empresário Roberto Proença de Macêdo, presidente do Conselho de Administração do Grupo J. Macêdo e ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), faleceu aos 81 anos nessa segunda-feira (10), por complicações derivadas de um câncer.
A informação foi comunicada pela Fiec, que decretou luto oficial de três dias, na manhã desta terça-feira (11)
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Roberto era um dos herdeiros da família Macêdo, classificada como a terceira mais rica do Ceará e a 42ª mais rica do Brasil. A fortuna acumulada vem da empresa J. Macêdo, principal exportadora de trigo do país, e é estimada em R$ 4,2 bilhões, segundo a Forbes.
Quem foi Roberto Macêdo?
Nascido em 1944, Roberto Macêdo era natural de Fortaleza e um dos oito filhos do empresário José Dias de Macêdo, fundador do grupo J. Macêdo, que atua nos segmentos alimentício, agroindustrial e eletromecânico.
Ele começou na empresa da família ainda nos anos de 1970, atuando ativamente em sua administração ao lado do irmão, Amarílio de Proença Macêdo. Essa década se configurou por uma transição “longa e preparada”, na qual marcas fundamentais, como a Brandini, foram adquiridas pelo grupo.
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Roberto e Amarílio assumiram a gestão dos negócios da família na segunda geração do grupo.
Kid Júnior.
O empresário cursou duas graduações na Universidade Federal do Ceará (UFC): Engenharia Mecânica pelo período matutino e Economia pelo período noturno. Ao se formar, em 1970, precisou se mudar para Salvador, na Bahia, por nove anos para implantar a Fábrica de Pneus Tropical, o maior investimento da J. Macêdo até então.
Com a expansão do grupo e a consolidação de novas marcas, como a Dona Benta, Roberto chegou à presidência do Conselho de Administração da holding da empresa, função que exerceu até seu falecimento.
Ivens Dias Branco Jr lamenta perda
A M. Dias Branco, por intermédio de seu Presidente, Ivens Dias Branco Jr., manifestou profundo pesar pelo falecimento do Sr. Roberto Proença de Macêdo, ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), e que exercia a Presidência do Sindicato da Indústria de Trigo nos Estados do Pará, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte (SINDTRIGO) e a Presidência do Conselho de Administração da J. Macêdo CAP.
“Roberto Macêdo foi uma das mais destacadas referências da indústria nacional, tendo contribuído de forma decisiva para o fortalecimento do setor produtivo brasileiro. Sua liderança, visão empreendedora e compromisso com o desenvolvimento do país e da Região Nordeste constituem um legado exemplar para as futuras gerações e serão sempre reconhecidos pela indústria brasileira”, diz nota.
“Em nome de todos os colaboradores e dirigentes da M. DIAS BRANCO, expressamos nossa solidariedade especial à família, aos amigos e à comunidade industrial’, finaliza.
Passagem pela Fiec
A atuação do empresário também se deu no setor industrial, que o levou ao cargo de presidente da Fiec por oito anos. Ele cumpriu dois mandados, entre 2006 e 2014, em um período que chegou a classificar como uma “situação crítica que o setor industrial daqui vivia”. Durante sua gestão, o número de associados aumentou em mais de seis vezes, indo de 45 para 300.
Roberto chegou a ser, também, o vice-presidente do Confederação Nacional da Indústria (CNI), além de membro do Fórum Nacional da Indústria, do Conselho Deliberativo do Sebrae-CE e do Conselho de Desenvolvimento Econômico do Ceará.
Roberto foi mais que um líder; foi um amigo irmão, um conselheiro constante, uma presença segura. Eu tive o privilégio de contribuir com a sua gestão, oportunidade que mudou a minha caminhada e marcou profundamente o meu compromisso com o Sistema Fiec. Roberto foi um verdadeiro mestre. Juntos compartilhamos sonhos, responsabilidades e construímos uma amizade sólida, que só existe entre os que se querem verdadeiramente bem
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Em 2014, o empresário foi um dos homenageados do 44º Troféu Sereia de Ouro.
Kid Júnior.
Premiações e homenagens
Em 2014, o empresário foi um dos homenageados do 44º Troféu Sereia de Ouro, criado pelo Chanceler Edson Queiroz para reconhecer talentos cearenses e suas contribuições para a sociedade. A comenda o colocou ao lado de seu pai, José Dias de Macêdo, igualmente homenageado pela premiação em 1976.
Roberto considerava o evento “o principal tributo ao reconhecimento que existe no nosso meio empresarial, cultural e social, dedicado àquelas pessoas que têm se projetado no estado e fora dele”.
Por suas contribuições para o desenvolvimento da indústria, o empresário também recebeu a Ordem do Mérito Industrial, do CNI, a Medalha do Mérito Industrial, da Fiec, e a Medalha Edson Queiroz, da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (Alece).
Por seus méritos cívicos e serviços prestados à sociedade, Roberto ainda recebeu a comenda Medalha Boticário Ferreira pela Câmara Municipal de Fortaleza. Este ano, ele iria receber o título de Doutor Honoris Causa, pela UFC.
O empresário deixa a esposa Tânia Rocha Lima de Macêdo, com quem se casou aos 19 anos; além de seus filhos, netos e irmãos. O velório acontece a partir das 10h na Funerária Ternura, onde haverá uma missa a partir das 14h. O sepultamento será a partir das 16 horas, no cemitério Parque da Paz.
Autoridades e amigos lamentam a perda
Romeu Aldigueri, presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), disse: “O Ceará perde um grande homem. Que Deus, em sua infinita misericórdia, conforte amigos e familiares! Vá em paz, Dr. Roberto!”, lamentou.
Maia Júnior, ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Ceará, reforçou que Macedo era um “exemplo de dignidade e caráter”. “Perda representativa para sua família, amigos e para a indústria cearense”, disse.
O empresário Honório Pinheiro enfatizou ser “uma irreparável perda para muitos”. “Perdi um amigo e conselheiro. Que Deus conforte a todos. Um grande cristão”, destacou.
Cândido Albuquerque, ex-reitor da UFC, disse estar muito triste “com a notícia do falecimento do amigo, empresário e líder classista Roberto Macedo”. “Sempre sereno, acolhedor e prestativo, Roberto se dedicou à família, aos negócios, ao Estado e ao Brasil, com o amor e a entrega pessoal que caracterizam os grandes homens”, afirmou.
O advogado Leandro Vásquez frisou que “Roberto Macedo se notabilizou por sua simplicidade e por enaltecer princípios sólidos”. “O Ceará se despede de um de seus mais importantes industriais, mas conserva o exemplo perene de sua integridade, fé e senso de responsabilidade. Sua história demonstra que o verdadeiro líder é aquele que faz do trabalho uma missão e do sucesso um legado compartilhado. Uma perda irreparável. Deus conforte a família e o acolha no horizonte eterno”, disse.
* Estagiária sob supervisão do jornalista Hugo R. Nascimento



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