Nasa divulga novas imagens do cometa 3I/Atlas – 19/11/2025 – Ciência
A Nasa divulgou nesta quarta-feira (19) novas imagens do 3I/Atlas, o terceiro objeto interestelar já registrado —ou seja, veio de fora do nosso Sistema Solar. Durante a apresentação, os cientistas ressaltaram que todos os dados indicam ser de fato um cometa.
Ele foi avistado pela primeira vez em julho deste ano por um telescópio do Atlas (sistema de alerta de último impacto de asteroides terrestres), no Chile. Desde então, astrônomos têm monitorado o cometa em sua passagem pelo Sistema Solar.
“É natural se perguntar o que é. Adoramos que o mundo se perguntou junto conosco”, afirmou Nicola Fox, administradora associada da Diretoria de Missão Científica da Nasa, durante a entrevista coletiva em Greenbelt, no estado americano de Maryland, referindo-se ao cometa como “nosso amigável visitante do Sistema Solar”.
“Fomos rápidos em poder dizer que ele definitivamente se comporta como um cometa. Não vimos nada que nos levasse a pensar que fosse algo diferente disso.”
A agência espacial americana disse que o objeto não representa nenhuma ameaça à Terra. Estima-se que o mais perto que ficará do nosso planeta é esta distância: 275 milhões de quilômetros. No mês passado, ele passou a 30 milhões de quilômetros de Marte.
“É um cometa que se formou em outro sistema solar, provavelmente há mais de 8 bilhões de anos. Isso significa que é mais antigo que nosso Sistema Solar e, também, o objeto mais antigo que já vimos”, disse o astrofísico Chris Lintott, da Universidade de Oxford (Reino Unido). Nosso Sistema Solar se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos.
3I/Atlas é apenas o terceiro objeto interestelar já observado por astrônomos no Sistema Solar. Os outros foram 1I/’Oumuamua, detectado em 2017, e 2I/Borisov, descoberto em 2019.
“Até agora, ele parece ser feito do mesmo tipo de material que vemos em cometas do nosso Sistema Solar: bastante dióxido de carbono e alguma água, monóxido de carbono e outras moléculas semelhantes. Também vimos cianeto, o que é normal para um cometa, e muito níquel, o que é um pouco surpreendente, mas não sem precedentes. Vimos algo semelhante no 2I/Borisov e em cometas do Sistema Solar”, explicou Lintott.
O cometa está a caminho de sair do Sistema Solar, segundo o astrônomo Larry Denneau, da Universidade do Havaí (Estados Unidos. Sua maior aproximação do Sol foi no mês passado e sua maior aproximação da Terra deve ocorrer dentro de um mês, acrescentou o cientista, que atua como investigador do Atlas.
Financiada pela Nasa, o Atlas é operado pela Universidade do Havaí. Ele dispõe de cinco telescópios ao redor do mundo que escaneiam o céu noturno continuamente para procurar objetos que possam ameaçar a Terra.
Um cientista chegou a sugerir, sem evidências, que o 3I/Atlas não seria um cometa, e sim uma nave alienígena. A maioria dos especialistas, porém, refuta essa ideia.
No início da entrevista desta quarta, o administrador associado da Nasa, Amit Kshatriya, abordou o rumor.
“Acho importante que falemos sobre isso: este objeto é um cometa”, disse Kshatriya. “Ele se parece e se comporta como um cometa. E todas as evidências indicam que é um cometa.”
“Todas as evidências até agora mostram o comportamento de um objeto muito semelhante a um cometa do Sistema Solar”, afirmou Denneau. “Seu movimento é explicado pela gravidade do Sol. Não há nada que sugira o contrário.”
“Ele não diminuiu a velocidade nem mudou sua trajetória de maneira incomum”, continuou o astrônomo. “Esteve atrás do Sol por alguns meses e, agora que podemos vê-lo novamente, está exatamente onde deveria estar na condição de um objeto natural.”
Lintott acrescentou: “A ideia de que o 3I/Atlas poderia ser uma nave alienígena é absurda. Não há nada sobre ele que sugira tal coisa, e seria o mesmo que argumentar que a Lua é feita de queijo.”
Novas imagens
Para estudar o o 3I/Atlas, a Nasa utilizou, por exemplo, os telescópios espaciais Hubble e James Webb, além de satélites em órbita de Marte.
As novas imagens, todas tiradas de longe, mostraram-no com uma aparência embaçada, mas com a clara presença de uma coma —a nuvem nebulosa de gás e poeira ao redor de seu núcleo—e a cauda de poeira seguindo sua órbita. A divulgação dos registros havia sido atrasada pela paralisação do governo americano.
Tom Statler, cientista-chefe da agência espacial para pequenos corpos do Sistema Solar, disse que o tamanho do núcleo do cometa é difícil de determinar. A seu ver, o núcleo parece estar “não muito longe de ser redondo”.
Embora o ponto de origem preciso do cometa permaneça incerto, os cientistas da Nasa disseram acreditar que ele vem de um sistema solar mais antigo que o nosso, que se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos. Eles também afirmaram que sua composição difere em alguns aspectos dos cometas do Sistema Solar, como seria de se esperar, pois se formou em um sistema que pode ter uma composição diferente do nosso.



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