Banco Master recebeu investimentos de 18 fundos previdenciários de estados e municípios, confira lista
- Malu Gaspar: Os laços políticos nas aplicações dos fundos de estados e municípios
- Em SP: Ministério Público de Contas alertou institutos de previdência social de municípios sobre investimentos no Banco Master
- Estado do Rio de Janeiro (RJ) — R$ 970 milhões
- Estado do Amapá (AP) — R$ 400 milhões
- Maceió (AL) — R$ 97 milhões
- São Roque (SP) — R$ 93,15 milhões
- Cajamar (SP) — R$ 87 milhões
- Itaguaí (RJ) — R$ 59,6 milhões
- Estado do Amazonas (AM) — R$ 50 milhões
- Aparecida de Goiânia (GO) — R$ 40 milhões
- Araras (SP) — R$ 29 milhões
- Congonhas (MG) — R$ 14 milhões
- Fátima do Sul (MS) — R$ 7 milhões
- Santo Antônio de Posse (SP) — R$ 7 milhões
- São Gabriel do Oeste (MS) — R$ 3 milhões
- Paulista (PE) — R$ 3 milhões
- Jateí (MS) — R$ 2,5 milhões
- Angélica (MS) — R$ 2 milhões
- Santa Rita D’Oeste (SP) — R$ 2 milhões
- Campo Grande (MS) — R$ 1,2 milhão
O Rioprevidência, que faz o pagamento de aposentadorias e pensões de servidores do Estado do Rio, responde por mais da metade do volume investido neste período. Em todos os casos, as aplicações foram feitas em letras financeiras, título que não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), mecanismo que ressarce as perdas de investidores em caso de crises bancárias.
- Investiu em CDBs do Master? Entenda como calcular o quanto tem a receber pelo FGC e como se cadastrar no app do fundo
No caso do Rioprevidência, além das letras financeiras, houve outros aportes que, segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), somaram R$ 2,6 bilhões desde 2023.
Apesar de essas entidades previdenciárias serem conhecidas como fundos de pensão, do ponto de vista legal elas operam sob o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). Ou seja, a supervisão dessas entidades é de responsabilidade do Ministério da Previdência, além dos tribunais de contas municipais e estaduais.
Segundo o Ministério da Previdência, há no total 2.130 RPPS no Brasil.
- Master: Veja quais são os próximos passos no processo de liquidação, até a extinção do banco
Por estarem sob o regime do RPPS, esses fundos não são classificados como Entidade Fechada de Previdência Complementar (EFPC), ou seja, não estão sob o mesmo arcabouço regulatório, fiscalizatório ou de governança do setor, que tem supervisão da Previc.
Chama a atenção o fato de que, entre os fundos de pensão, ou seja, nas entidades fechadas de previdência complementar, não há nenhum que tenha feito investimentos no Banco Master. Em nota divulgada nesta quarta-feira, a Abrapp, associação do setor, afirma que “as EFPC não possuem exposição aos ativos do Banco Master”.
No critério de EFPC, entram os fundos de pensão de grandes estatais, como Previ, Funcef e Petros. E também os fundos fechados de grandes empresas privadas. Investimentos individuais feitos por trabalhadores via fundos do tipo PGBL e VBL integram outro segmento: o mercado aberto de previdência complementar.
Entenda a quebra do Banco Master
Na segunda-feira, o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master, enquanto a Polícia Federal (PF) prendeu seu controlador, Daniel Vorcaro. Ele foi detido no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, horas depois do anúncio da compra da instituição pelo Grupo Fictor, pouco conhecido no mercado, em consórcio com um fundo de investimento dos Emirados Árabes Unidos.
A liquidação do banco deve resultar na maior operação em valor na História do país de ressarcimento a investidores após a crise da instituição financeira.
O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) poderá ter de desembolsar até R$ 48 bilhões para ressarcir 1,6 milhão de credores do banco.
A investigação aponta indícios de fraude de R$ 12,2 bilhões em transações entre o Banco Master e o BRB (banco estatal de Brasília). A relação entre as duas instituições entrou no radar da Polícia Federal por suspeitas de irregularidades na venda de carteiras de crédito, em uma operação arquitetada por “pura camaradagem” como “tentativa de abafar a fiscalização” do BC. As autoridades sustentam que houve manipulação de ativos, fraudes no mercado de capitais, gestão fraudulenta e temerária.
- Master: Rastro de prejuízos é bilionário, mas regras de risco devem ficar mais rígidas, preveem especialistas
O Master cresceu amparado em uma estratégia agressiva de captação de recursos com a emissão de CDBs (títulos em que pessoas e empresas podem “emprestar” para bancos), prometendo juros acima das taxad de mercado. As investigações apontaram que o banco tinha R$ 12 bilhões descobertos porque alguns ativos da instituição têm baixa liquidez, ou seja, são de difícil venda.
Essa “grave crise de liquidez” do Master levou o Banco Central a decretar a liquidação extrajudicial a a intervenção em empresas do grupo – apenas o Will Financeira, que opera o Will Bank, ficou de fora. O BC ainda afirma que houve “comprometimento significativo da sua situação econômico-financeira”, embora o conglomerado seja classificado como de “pequeno porte”.
Daniel Vorcaro começou o Master em 2016, com a compra de uma participação no antigo Máxima. A instituição cresceu ao mesmo tempo em que seu sócio estreitou laços com a política. Para tentar salvar a empresa, ele tentou vendê-la para o BRB neste ano, mas a operação foi barrada pelo Banco Central.
Na segunda-feira, foi anunciada a operação de compra da instituição pela Fictor Holding Financeira. Interlocutores que acompanham o assunto avaliam que o negócio foi uma tentativa do dono do Master de criar uma cortina de fumaça para tentar sair do país antes da operação da PF que o prendeu.



Publicar comentário