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Em um revival insosso, Rosamund Pike é a única boa notícia de Truque de Mestre: O 3º Ato

Em um revival insosso, Rosamund Pike é a única boa notícia de Truque de Mestre: O 3º Ato

Em meados de 2013, cinemas de todas as partes do mundo exibiram Truque de Mestre, um filme de assalto que nunca foi um dos favoritos da crítica, mas conquistou considerável parcela do público. Nele, vimos surgir um grupo de mágicos ao melhor estilo Robin Hood, justiceiros sociais modernos que tiram dos ricos para beneficiar os menos favorecidos.

Após o rolar de muita água, 2025 pegou carona na tendência hollywoodiana de não saber quando parar e apresentou um terceiro capítulo à franquia: Truque de Mestre: O 3º Ato – o segundo havia sido lançado em 2016. Dirigido por Ruben Fleischer, o longa-metragem conta com o retorno de rostos conhecidos dos filmes anteriores (Jesse Eisenberg, Woody Harrelson, Dave Franco, Isla Fisher) – e mesmo com um elenco de peso, não é capaz de mostrar muito a que veio.

Truque de Mestre 3 olha demais para o passado

No enredo, quase dez anos após o último trabalho, os Cavaleiros estão desaparecidos. Quando a empresária Veronika Vanderberg começa a ganhar destaque por seu comportamento suspeito no mercado de diamantes, o antigo quarteto é forçado a se juntar a um grupo mais jovem de ilusionistas – criando conflitos de personalidade entre os dois times.

Lionsgate

Como o título original sugere (Now You See Me: Now You Don’t), não há muito a ser visto em Truque de Mestre 3. O longa até conta com algumas tomadas capazes de prender a atenção do espectador, mas na maior parte do tempo, o que se vê é uma tentativa frustrada de capturar a essência dos primeiros dois capítulos. Não que Truque de Mestre e Truque de Mestre 2 sejam de reconhecida excelência, mas, definitivamente, apresentam argumentos mais interessantes.

Um dos grandes problemas deste projeto é que ele se agarra aos seus antecessores durante boa parte do tempo, deixando a impressão de que Fleischer sentiu o peso de estar à frente da saga. Ouso dizer, inclusive, que a marcante cena da fuga com a carta, dirigida por Jon M. Chu, em Truque de Mestre 2, acabou prejudicando Fleischer, que pareceu se sentir na obrigação de tentar reproduzir algo igualmente memorável no terceiro filme.

Rosamund Pike como vilã é o ponto alto do filme

Conforme o enredo avança, um grande número de personagens surge em tela, criando um excesso de protagonistas que acabam impossibilitados de um desenvolvimento adequado. A maior parte dessas figuras não passa de souvenir de outros episódios, com esta lógica aplicada principalmente à Lula de Lizzy Caplan e ao Thaddeus de Morgan Freeman – que pouco acrescentam em termos de narrativa.

No meio da constante disputa por atenção, quem realmente brilha é Rosamund Pike, que, sob o manto da elegante Veronika Vanderberg, encarna uma vilã cativante. Apesar do sotaque sul-africano um tanto forçado, a magnata é uma das poucas figuras dignas de atenção no filme, construída com uma arrogância gélida e algumas doses de sonsice. Embora estereotipada, Veronika se mostra uma antagonista convincente, exibindo um brilho próprio, como os diamantes que carrega, que falta ao restante dos personagens.

Lionsgate

Roteiro insosso e excesso de efeitos gráficos atravancam Truque de Mestre 3

Mesmo com a melhor das intenções, o roteiro de Michael Lesslie não se ajuda, seja quando trata com superficialidade a temática dos nazistas como vilões ou quando contorna obstáculos no texto com resoluções preguiçosamente cômodas (lembre-se do helicóptero de papelão). Entender a essência da magia deveria ser uma das prioridades de Truque de Mestre 3, mas o que temos em mãos é uma obra que utiliza esta tônica de forma subaproveitada.

Em tela, o alvo mudou mas os truques são executados de forma ainda pior do que nas edições anteriores, abusando de efeitos visuais gráficos baratos e de explicações frequentemente sustentadas por flashbacks. O constante atrito entre os dois grupos principais de personagens também se mostra bastante cansativo, culminando na trivialidade do debate “vícios da geração passada x vícios da geração atual”.

Além disso, Truque de Mestre é uma franquia que carrega um detalhe rudimentar: há uma clara dificuldade em gerar tensão. A ausência de suspense deve-se, sobretudo, à mecânica excessivamente fantasiosa por trás dos roubos e ilusões, que, mesmo quando acompanhada de uma explicação supostamente racional, deixa no espectador a sensação de que tudo se resolverá com facilidade. Em outras palavras, o filme apela em muitos momentos à suspensão da descrença, comprometendo, desta forma, a imersão de quem assiste.

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Truque de Mestre 3 é mais um revival desnecessário

Em resumo, Truque de Mestre: O 3º Ato é uma mistura desajeitada de filme de assalto, efeitos especiais pobres, quebra-cabeças questionáveis e personagens que cumprem tabela. Vale lembrar que este não é o primeiro trabalho duvidoso de Fleischer, que nos últimos anos, comandou títulos como Venom (2018) e Uncharted: Fora do Mapa (2022).

Aqui, minha crítica não se dirige apenas ao cineasta, mas à indústria hollywoodiana de forma geral, que, mais uma vez, ressuscita uma franquia esquecida, desnecessariamente. A cada ano que passa, a criatividade parece se extinguir no cinema de grande orçamento, que se agarra como pode à nostalgia e às fórmulas seguras, saturando de forma perigosa o cenário.

No fim das contas, Truque de Mestre é mais um produto a ser explorado como um caça-níquel, espremido de forma contínua enquanto ainda houver previsão de lucro. Para reforçar esta afirmação, vale lembrar que a Lionsgate já anunciou que um quarto filme para a saga está em desenvolvimento – e torcemos para que, desta vez, o estúdio encontre algo realmente relevante a dizer.

Caio Rocha

Sou Caio Rocha, redator especializado em Tecnologia da Informação, com formação em Ciência da Computação. Escrevo sobre inovação, segurança digital, software e tendências do setor. Minha missão é traduzir o universo tech em uma linguagem acessível, ajudando pessoas e empresas a entenderem e aproveitarem o poder da tecnologia no dia a dia.

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