Fórum dos Leitores – Estadão
Roubo no INSS
Operação Sem Desconto
Enquanto no Congresso Nacional a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS está mais para o espetáculo e fez até acordo com o Planalto para não convocar o irmão do presidente Lula que é vice-presidente de um sindicato envolvido nos desvios ilegais de aposentadorias e pensões, a Polícia Federal (PF), ágil e eficiente, fez uma operação na quinta-feira passada na qual, além de cumprir 63 mandados de busca e apreensão, prendeu nove pessoas envolvidas no roubo, que é estimado em R$ 6,3 bilhões. Entre os presos está gente graúda, como o ex-presidente do INSS, indicado por Lula, Alessandro Stefanutto; o ex-procurador-geral do INSS Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho e sua mulher, a empresária Thaisa Hoffmann; e o ex-diretor de Benefícios do INSS André Fidelis. Também foram alvos de buscas no âmbito da Operação Sem Desconto o ex-ministro da Previdência de Jair Bolsonaro José Carlos Oliveira, que terá de usar tornozeleira eletrônica a partir de agora; e o deputado estadual Edson Cunha de Araújo (PSD-MA). De acordo com a PF, os citados receberam milhões de reais neste esquema de gatunagem que o atual governo, mesmo com os alertas comprovadamente feitos, se negava a coibir. Agora, o que esperamos são respostas da CPMI, sem o desprezível corporativismo.
Paulo Panossian
São Carlos
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Propina mensal
A Polícia Federal aponta que o ex-presidente do INSS sob o governo Lula, Alessandro Stefanutto, recebia propina mensal de R$ 250 mil no caso dos descontos fraudulentos de aposentados e pensionistas. O ministro da Previdência e o próprio Lula da Silva não sabiam de nada?
Jose Wilson Gambier Costa
Lençóis Paulista
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Políticas sociais
‘O legado de Ruth Cardoso’
Oportuno e esclarecedor o artigo de Simon Schwartzman O legado de Ruth Cardoso (14/11, A4). Tornada primeira-dama em razão da eleição de seu marido, Fernando Henrique Cardoso, Ruth Cardoso, professora de Antropologia da Universidade de São Paulo, deu pouca importância às cerimônias da posição que passou a ocupar na Presidência da República. Conheci Ruth Cardoso em Capão Bonito, cidade do interior de São Paulo onde foi lançado, nacionalmente, o Programa Bolsa Escola. Ela esteve no município, assim como seu marido, várias vezes em reuniões do Comunidade Solidária, programa criado por ela para organizar as populações mais pobres. O artigo de Schwartzman traça uma análise detalhada sobre como uma primeira-dama pode atuar ao lado de seu marido na busca de soluções para os grandes problemas da população menos assistida.
José Roberto de Jesus
Capão Bonito
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Políticas de qualidade
De quando em quando, o destino parece pôr a pessoa certa no lugar certo. Foi o que pensei ao ler o artigo de Simon Schwartzman O legado de Ruth Cardoso. O professor recordou, no campo da política assistencial, a figura de Getúlio Vargas, que instituiu o direito de voto feminino, a CLT e a primeira siderúrgica do País, fonte de trabalho para a então grande e ociosa mão de obra. Também recordou Fernando Henrique Cardoso, que, nomeado por Itamar Franco, definiu uma equipe de talentos para o Plano Real, dos mais efetivos e benéficos resultados até hoje. Sua mulher, Ruth Cardoso, se fez inesquecível, por um encontro do governo do marido com as necessidades das comunidades carentes. Todavia, chegou-se aqui, passado o tempo, segundo o articulista, a um modelo de Estado protetor e clientelista, a ser substituído por outro, não do liberalismo extremo, mas sim de valores das políticas públicas de qualidade, da solidariedade e da autonomia da sociedade, como queria Ruth Cardoso. As dificuldades do comprometimento geral do Estado estariam mesmo a levar a essa conclusão.
José G. de Jacobina Rabello
São Paulo
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Saúde da mulher
Reposição hormonal
Excelente o artigo de Luciana Garbin no Estadão de 13/11 (Um erro que afetou milhões de mulheres). Como médico ginecologista do Sistema Único de Saúde (SUS), digo que o SUS dispõe dos principais medicamentos de reposição hormonal, que tenho usado à mancheia. São muito raras as contraindicações absolutas para o seu uso. Há que salvar as mulheres cheias de preconceitos e más informações sobre si mesmas, o que dificulta o empenho de médicos bem formados.
Albino Bonomi
Ribeirão Preto
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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br
COP-30, POVOS ORIGINÁRIOS E A REFUNDAÇÃO DA ONU
Em Belém do Pará, onde a COP-30 deveria simbolizar a retomada da ambição climática global, cresce um sentimento incômodo entre participantes, organizações da sociedade civil e até negociadores veteranos: a percepção de que a ONU, tal como estruturada, já não consegue exercer o papel de coordenação e solução diante das emergências climáticas. Como apontam alguns pesquisadores importantes, “a COP virou um grande ritual burocrático, dominado por tecnocracias que se protegem a si mesmas enquanto o planeta queima”. Apesar do discurso oficial de inclusão, representantes de uma das principais tribos da região relatam que não conseguiram sequer ser ouvidos por delegações da ONU. O impasse, somado ao reforço ostensivo das forças de segurança brasileiras e das equipes da ONU, criou um clima inédito de tensão. Entre participantes internacionais, uma expressão ganhou força nos corredores: “A COP que teme os indígenas”. “É impressionante: viajamos até aqui para debater justiça climática, mas indígenas locais não conseguem atravessar a porta para conversar com quem decide”, critica um economista chileno. Já a ativista brasileira Carolina afirma que “a ONU se tornou um labirinto de regras que sufocam qualquer diálogo real”. Para o técnico ambiental Robert, a situação é sintomática: “Se a ONU não ouvir quem vive o impacto na pele, talvez seja hora de refundar tudo”. Neste sábado (15/11), organizações indígenas prometem um grande protesto nas imediações da COP-30, denunciando exclusão, excesso de controle e a falta de resultados práticos após décadas de negociações climáticas. Entre muitos participantes, ecoa uma tese desconfortável: os povos originários parecem ter mais razão do que chefes de Estado que repetem promessas já desgastadas. E, para parte crescente da comunidade climática, o recado é claro: não haverá futuro possível se a governança internacional continuar olhando para a própria burocracia em vez de para a Terra que pretende salvar.
Vinícius Puhl
São Paulo
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DONOS DA PAUTA
Vídeos mostram manifestantes gritando palavras de ordem em defesa da taxação de grandes fortunas, enquanto seguranças tentam retirá-los. Lula estava longe da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP), mas o grito dos manifestantes ecoava uma pauta muito familiar ao seu governo. Por que, então, o silêncio? Terá sido coincidência ou estratégia? Curioso é que nem Boulos, sempre pronto a discursar, ousou abrir a boca. São muitos, afinal, os porta-vozes do Palácio, mas todos parecem ter recebido a mesma recomendação: silêncio absoluto. Enquanto isso, o povo grita não por ideologias, mas por segurança – esta, sim, virou a principal preocupação dos brasileiros. Pena que, para o governo, continua fora de pauta.
Izabel Avallone
São Paulo
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COTAS AMBIENTAIS
É comum ouvir que a Floresta Amazônica é o pulmão do mundo. Se essa afirmação é verdadeira, está mais do que na hora de o Brasil tirar proveito desse imenso capital natural. Poderia propor na COP-30 a criação e a comercialização de cotas ambientais. Para tanto, precisaria realizar um inventário completo de todo o maciço florestal da Amazônia, identificando e quantificando sua capacidade de absorção de carbono, sua biodiversidade e seu valor ambiental. Com base nesses dados, seria possível converter o patrimônio florestal em cotas ambientais, representando unidades de preservação ou de captura de carbono. Assim, o Brasil passaria a vender cotas de preservação florestal equivalente à quantidade de carbono que a Amazônia retém, integrando-se formalmente ao mercado de carbono que já existe. Essa medida não comprometeria a soberania nacional, já que o Brasil continuaria exercendo plenamente o controle e a gestão ambiental sobre seu território. Pelo contrário, o País se afirmaria como referência mundial em economia verde e preservação ambiental.
Deri Lemos Maia
Araçatuba
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FUTURO POSSÍVEL
As grandes potências alegam que é um sacrifício necessário sacrificar a preservação ambiental para o progresso de seus países. Pergunto: de que adianta progresso se não tivermos mais planeta?
Luiz Frid
São Paulo
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ESTRADA NA AMAZÔNIA
Trump tem razão quando critica a construção de uma estrada na Amazônia. Se você quer conservar uma floresta, não abra estradas nela.
Lincool Waldemar
São Paulo
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DESVIOS NO INSS
PF prende ex-presidente do INSS e faz buscas contra deputados em nova fase de operação sobre desvios (Estadão, 13/11). Como já era de se esperar, a Polícia Federal (PF) mostrou celeridade e eficiência para identificar e impor tornozeleira eletrônica a José Carlos Oliveira, ex-ministro do Trabalho e Previdência e ex-presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no governo Jair Bolsonaro. Espera-se a mesma dedicação da PF para investigar Carlos Lupi, ex-ministro da Previdência do governo atual, provando que é um órgão de Estado independente e que não tem nenhum alinhamento escuso com o governo de Lula da Silva e o Judiciário.
Maurílio Polizello Junior
Ribeirão Preto
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FRASES INFELIZES
Em um evento sobre educação promovido pelo Estado de São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas declarou: “Estamos dando a vocês algo fundamental: ferramenta. O mercado é cada vez mais exigente, mais seletivo e menos apegado aos diplomas. O diploma tem cada vez menos relevância, a competência tem cada vez mais”. Embora tenha anunciado o aumento de vagas para cursos técnicos, a declaração é péssima para os alunos do ensino regular, pois cria uma cultura de cancelamento do diploma e incute no aluno a desnecessidade de concluir sua formação. O diploma é justamente a comprovação de que ele está capacitado para o mercado de trabalho. Diante da repercussão negativa, certamente o governador fará a devida retratação.
Marcus Aurelio de Carvalho
Santos
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EXAME DE PROFICIÊNCIA
É superpreocupante a posição contrária do governo Lula ao exame de proficiência para os formandos de medicina. É a população mais necessitada que está em jogo. Essas pessoas não têm acesso a atendimentos com médicos devidamente preparados. Todos sabem que a grande expansão de cursos de medicina provocou uma maior desqualificação dos profissionais responsáveis pela saúde do povo. O PT parece querer apenas expandir politicamente o número de formados e pouco se preocupa com a qualidade dos profissionais vindos de faculdades particulares que pouco ou nada se interessam pela verdadeira saúde.
Ademir Valezi
São Paulo
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LULA E BOLSONARO
O Brasil precisa sair da letargia e acreditar que existe vida longe da dicotomia entre Lula e Bolsonaro. Os dois presidentes têm em comum o fato de serem péssimos. Lula da Silva foi preso por corrupção e saiu da cadeia por detalhes jurídicos, e não por ser inocente. Lula manda no País há décadas, mas nunca moveu uma palha para combater a corrupção generalizada, nem na tenebrosa gestão da companheira Dilma Rousseff. Jair Bolsonaro foi catastrófico. Foi responsável pela pior gestão da pandemia do planeta, acelerou muito a destruição da Amazônia e foi julgado e condenado por uma tentativa de golpe de Estado. Passou quatro anos anunciando que não respeitaria o resultado da eleição caso fosse derrotado. Dito e feito: realizou um patético e fracassado golpe. O Brasil é muito melhor que Lula e Bolsonaro. É preciso virar essa página triste da História e buscar novos nomes para governar o País. Chega! Basta! Não é possível continuar por esse caminho.
Mário Barilá Filho
São Paulo
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PARTIDOS POLÍTICOS
“Missão” é o nome do mais novo partido político de direita do País, que acaba de receber a certificação da Justiça Eleitoral. A partir de agora, o Brasil tem nada menos que 30 partidos registrados oficialmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quantia superior ao número de estrelas (27) da bandeira nacional. Pode?
J. S. Vogel Decol
São Paulo
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O MITO LIBERAL
Essa discussão na qual os dois lados se acusam mutuamente de “liberal” (desde quando liberdade é ofensa?) e de “socialista” (desde quando estar do lado da sociedade é ofensa?) passa longe do ponto crucial do assunto: a verdade é que tanto faz estatizar ou privatizar. O que importa mesmo é que nessas empresas operem trabalhadores e gerentes competentes, honestos e, principalmente, blindados contra interesses fraudulentos e politiqueiros. O resto são parolagens plácidas para acalentar bovinos.
Alfredo Franz Keppler Neto
Santos
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CRACOLÂNDIA
Ao dizer que “os traficantes de drogas são vítimas dos usuários”, o presidente Lula pensou certo, só errou na forma de se expressar. O que ele quis dizer foi: não fossem os usuários, não existiriam traficantes ou – melhor ainda – se não existissem drogas, não haveriam usuários, tampouco traficantes. Nesse contexto, é importante frisar que o desaparecimento da Cracolândia, fruto de ações muito bem coordenadas entre o governo do Estado e a Prefeitura de São Paulo, não significa o fim da problemática complexa das drogas e de toda a criminalidade agregada a ela. Seria o mesmo que imaginar que os ataques ordenados por Donald Trump contra embarcações conduzidas por narcotraficantes na costa da Venezuela são suficientes para resolver o problema das drogas nos EUA. Acabar com a Cracolândia e impedir que novas Cracolândias apareçam é fundamental e exige vigilância constante. Mas a Cracolândia é apenas o lado visível de uma realidade muito mais dura que envolve desde os usuários até organizações criminosas nacionais e internacionais. A Cracolândia pode ter desaparecido, mas a luta precisa continuar.
Luciano Harary
São Paulo
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PL ANTIFACÇÃO
Brincando com coisa séria (Estadão, 14/11, A3). Depois da fatídica PEC da Blindagem, aprovada na Câmara dos Deputados e barrada no Senado por força de uma forte mobilização nacional, o trâmite do PL Antifacção é um dos acontecimentos mais vexatórios dos últimos tempos. A mim não parece brincadeira, mas sim mais uma tentativa de blindagem de grupos com interesses escusos que se apossaram de alguns setores de nossas instituições.
Jorge de Jesus Longato
Mogi Mirim
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BARRICADAS NO RIO
Por ordem do governador Cláudio Castro, a Polícia Militar do Rio de Janeiro está retirando as barricadas colocadas nas comunidades dominadas pelo crime organizado. Será que o Supremo Tribunal Federal (STF) irá permitir essas retiradas? Quem viver verá!
Arcangelo Sforcin Filho
São Paulo
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MILITÂNCIA
O perigo do jornalismo militante (Estadão, 12/11, A3). “Hear! Hear! Hear!”, como diriam os ingleses. Brilhante, corretíssima e instrutora a análise do Estadão sobre o tema. Parabéns.
Ivo Prates de Oliveira Jr.
Carapicuíba
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MOTOTÁXIS EM SP
Parabéns aos autores das cartas publicadas no Fórum dos Leitores (13/11, A6) sobre os mototáxis em São Paulo. As cartas mencionam o que acontece e o que vai acontecer no trânsito paulista. A única solução possível está claramente demonstrada, basta a autoridade competente agir.
Paulo Cesar Rivetti
São Paulo



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