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Fórum dos Leitores – Estadão

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COP-30

Incêndio no pavilhão

O incêndio que atingiu parte das instalações da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-30) na quinta-feira, em Belém, é um fato triste e vergonhoso, que só mostra que no Brasil tudo é mesmo feito de improviso e na base do quebra-galho. Quem foi que fez todas as instalações elétricas do local e como elas foram fiscalizadas? Onde estavam os aparatos de prevenção de incêndio e quem os testou e fiscalizou? E então, presidente Lula, que responde em alto som às críticas sobre a sede da conferência, como as feitas pelo chanceler da Alemanha? No Brasil é sempre assim: gastamos milhões ou bilhões, mas a fiscalização é sempre fraca. E será que havia seguros para tudo isso ou nós pagaremos mais essa conta?

Antonio Jose Gomes Marques

São Paulo

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O marketing e a realidade

A escolha de Belém para sediar a COP-30 foi uma decisão de marketing. O governo federal já gastou quase R$ 1 bilhão para organizar o evento e viabilizar este grande case de marketing. A realidade: às vésperas do início da conferência, ainda havia uma série de pendências no centro de convenções; o ar-condicionado do local era alimentado por 160 geradores movidos a diesel, o que gerou acusações de contrassenso num evento ambiental; o valor da alimentação era caríssimo e oportunista; o custo da hospedagem alcançou diárias de mais de 1.200 euros. Além disso, recorde-se de que a cidade de Belém tem cerca de 80% do seu esgoto sem tratamento, mais de 70 mil habitantes sem acesso a água em seus lares, impactando a saúde de milhares de famílias, e, às vésperas da COP, a cidade enfrentou uma crise na coleta de lixo. Agora, para fechar, acontece um incêndio de grande impacto nas instalações da Conferência do Clima. Os alarmes não tocaram e as pessoas não sabiam do que estava acontecendo. Seria o momento de, ao invés de ter uma reação no estilo “boteco de bar”, como nosso presidente Luiz Inácio, cheio de gracinha e ironia, o Brasil avaliar que tipo de imagem quer ter como país. É momento de olhar quem somos no espelho, de saber o que queremos ser como país. Eu, pessoalmente, tive vergonha de demonstrar nossa incompetência em escala global. Made in Brazil. Mais uma oportunidade perdida, que custou caro aos nossos cofres.

José Eduardo Vaz Guimarães

Florianópolis

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Lição

O incêndio de grande proporção que atingiu o pavilhão da COP-30 só endossa as palavras do chanceler alemão Friedrich Merz, segundo quem os alemães ficaram contentes ao deixarem Belém. Senhor Luiz Inácio Lula da Silva, aprenda com os alemães como organizar um evento.

Werner Sönksen

São Paulo

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Crime organizado

A raiz do problema

As recentes discussões sobre o chamado projeto antifacção reacendem um padrão conhecido no Brasil: a crença de que criar tipos penais ou aumentar penas seria suficiente para enfrentar o crime organizado. Mas nenhuma lei, por mais rígida que seja, impediu até hoje o crescimento das facções. A razão é simples: legislações mais duras não alteram a estrutura que alimenta o problema. O foco excessivo no endurecimento penal ignora uma realidade incômoda, a de que facções criminosas prosperaram justamente onde o Estado foi omisso: presídios superlotados, bairros abandonados, serviços públicos frágeis e ausência de oportunidades. Criou-se no País, assim, um ecossistema fértil em que grupos paramilitares e faccionados passaram a oferecer aquilo que faltava ao poder público: trabalho, renda, proteção e até uma perversa forma de “ordem”. Nesse cenário, a desigualdade é combustível. Em territórios aonde o Estado não chega com educação, emprego, mobilidade e políticas sociais, a facção chega primeiro. Some-se a isso a corrupção entranhada nas instituições, que permite a infiltração, a cooptação e o fortalecimento desses grupos. Sem enfrentar esse conjunto de fatores, nenhuma mudança legislativa – nem mesmo a pena de morte – produz efeito prático. Crimes organizados não funcionam por medo de punição, mas por cálculos racionais. Eles substituem lideranças com rapidez e operam como empresas. O que realmente reduz a criminalidade é aumentar a chance de responsabilização, o fortalecimento das instituições, a presença estatal contínua e a redução da desigualdade que empurra jovens para economias ilícitas. Endurecer penas é fácil. Enfrentar as raízes estruturais do problema é que exige coragem política – e é isso que ainda nos falta.

Vagner Viana

Curitiba

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Cartas selecionadas para o Fórum dos Leitores do portal estadao.com.br

FALAS INOPORTUNAS

Ninguém é obrigado a gostar da fauna e da flora exuberantes da Amazônia, tampouco do clima quente e úmido da cidade de Belém. Ninguém é obrigado a concordar que a Alemanha seja “um dos países mais bonitos do mundo”, como afirmou o chanceler alemão Friedrich Merz em discurso a empresários alemães. Afinal, gosto não se discute. A questão fundamental, entretanto, é que além de Merz ter dito que “todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, especialmente daquele lugar onde estávamos”, dando a entender que Belém, sede da COP-30, seria um lugar infernal e desprezível, o chanceler é tido como contumaz cometedor de gafes. Só que gafes e atos falhos, ditos de forma repetitiva, configuram um hábito consciente e bem pensado. Desde o início de sua carreira política, Merz fez declarações fortemente discriminatórias. Infelizmente, pesquisa recente mostra que 63% dos cidadãos alemães concordam com as declarações do chanceler, que também acumula o cargo de chefe do partido União Democrática Cristã. As falas inoportunas de Merz podem agradar a ele e a seus apoiadores, mas não são nada democráticas, muito menos cristãs.

Luciano Harary

São Paulo

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INFRAESTRUTURA EM BELÉM

Saio aqui em defesa do chanceler Friedrich Merz, que manifestou felicidade ao deixar a COP-30, em Belém. Sua fala não revela arrogância, deselegância e nem desconhecimento sobre o Brasil. Não é segredo para ninguém que a capital paraense é uma cidade com seríssimos problemas de infraestrutura, sem condições de sediar um evento dessa natureza. Lula da Silva, demagógico, quis fazer média com seu companheiro Helder Barbalho, levando a COP-30 para Belém, preterindo cidades com melhores condições. Saliente-se que o chanceler alemão e o mundo inteiro conhecem bem o Brasil, País com bolsões de extrema miséria e, principalmente, estigmatizado pela corrupção e impunidade.

Maurílio Polizello Junior

Ribeirão Preto

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ELEIÇÕES 2026

Na seara eleitoral, os principais eventos de 2026 serão as escolhas do presidente, vice-presidente, membros do Congresso Nacional, governadores, vice-governadores, Assembleias Legislativas de todos os Estados e do Conselho Distrital de Fernando de Noronha. Os pleitos, como sói acontecer, serão precedidos não apenas por inflamadas campanhas e performáticos debates cujo foco principal consistirá, desta vez, na questão da segurança pública, mas também por um rosário de promessas que o votante sabe, de antemão, que em grande parte não serão cumpridas. No conjunto, constituirão disputas importantes para os poderes estadual e federal, na medida em que serão encaradas pelos competidores como uma espécie de fundação de suas sobrevivências políticas, dentro do contexto – já quase confirmado – pelo qual um candidato praticamente certo ao cargo máximo do País tentará abiscoitar um quarto mandato, já com idade superior a 80 anos, o que torna questionável sua sobrevivência política caso não se eleja. Como já é 2026, espera-se que os futuros sufragados pensem mais no crescimento do País e no bem-estar do povo do que na promoção de festas angariadoras de votos, turbinadas pelo efeito Panis Et Circenses.

Paulo Roberto Gotaç

Rio de Janeiro

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APOSENTADORIA

Não entendo a comemoração de Lula e do PT ao verificarem a aprovação do atual presidente para a eleição de 2026. Ele, por enquanto, é o único candidato e não tem aprovação nem da metade do eleitorado. Deveria se aposentar e aproveitar o que a política lhe rendeu.

Luiz Frid

São Paulo

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JORGE MESSIAS

Não tenho a menor dúvida de que o senhor Jorge Messias será o mais novo membro do Supremo Tribunal Federal (STF) e de que será empurrado para debaixo do tapete sua suposta ligação com o escândalo do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Dá vontade de rasgar meu diploma de advogada.

Célia Maria Anderáos

São Paulo

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IMPOSTO SINDICAL

É um enorme desrespeito com o pobre trabalhador ser obrigado a ir ao sindicato apenas para informar que não quer contribuir, perdendo um dia de trabalho para não doar ao sindicato. Filas enormes e tempo desperdiçado para declarar que não deseja pagar o imposto sindical. O correto seria que apenas quem quisesse aderir ao imposto se dirigisse ao sindicato para manifestar tal intenção, e não ser automaticamente cobrado caso não compareça. Onde estão os defensores das classes menos favorecidas?

Marco Antonio Martignoni

São Paulo

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IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

Logo cedo, li o artigo escrito por Roberto Macedo e Wilson Victorio Rodrigues na página A4 do Estadão (Ives Gandra, 90: uma noite memorável, 20/11). Guardo a honra de privar da amizade do jurista, tributarista e poeta, mercê de, com ele, sob sua regência, ter participado de múltiplos congressos em que se discutia a temática tributária no âmbito da competência municipal. Sobre ele me confidenciava nosso amigo comum, o tributarista dr. Ayres Barreto: “O Ives acorda às 5 da manhã, vai à missa às 6, abre a porta do escritório às 7”. Um trabalhador incansável, vê-se, até hoje, aos 90! Como poeta, envia-me seus livros, com dedicatória manuscrita de difícil leitura. Um deles, intitulado 101 Poemas para Ruth, sua esposa falecida, reúne o que ele chama de sonetos octogenários. Em um deles, apaixonado se revela: “Navega o barco triste com seus mastros. Um marujo já velho, o timoneiro. A noite desvestida mostra os astros. Descortinando celestial vespeiro.”

Marden Mattos Braga

São Paulo

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TRAJETÓRIA EXEMPLAR

Sobre o artigo Ives Gandra, 90: uma noite memorável (Estadão, 20/11, A4), do economista Roberto Macedo e de Wilson Victorio Rodrigues, diretor da Faculdade de Comércio da Associação Comercial de São Paulo, cabe dizer que o renomado advogado, jurista, professor, poeta e humanista não apenas fez jus à merecida homenagem em vida de seus muitos amigos e admiradores, dentre os quais tenho a honra de estar incluído, como também faz à muitas outras noites por sua exitosa, admirável e exemplar trajetória ao longo de bens vividas nove décadas. Longa vida a Ives Gandra Martins!

J. S. Vogel Decol

São Paulo

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JUSTA HOMENAGEM

Muito justa a homenagem prestada a Ives Gandra Martins pela passagem de seus 90 anos (Estadão, 20/11, A4). Além de poeta, professor, acadêmico e são-paulino, é um excelente pianista, como seu irmão João Carlos Martins.

Edmir Netto de Araujo

São Paulo

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MUNDO EM TRANSIÇÃO

Passamos o século 20 comentando como as pessoas viveram no século anterior sem automóvel, rádio, televisão, cinema e aviões. Agora, no século 21, pensamos como era viver sem celular e internet. As novas gerações vão se perguntar como nós vivíamos sem mecânica quântica, inteligência artificial e tudo mais que está por vir neste mundo de contínuas invenções, impensáveis em nossa geração.

Paulo Sergio Arisi

Salvador

Caio Rocha

Sou Caio Rocha, redator especializado em Tecnologia da Informação, com formação em Ciência da Computação. Escrevo sobre inovação, segurança digital, software e tendências do setor. Minha missão é traduzir o universo tech em uma linguagem acessível, ajudando pessoas e empresas a entenderem e aproveitarem o poder da tecnologia no dia a dia.

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