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Leilão saneamento Pernambuco: consórcio e Pátria vencem – 18/12/2025 – Economia

Leilão saneamento Pernambuco: consórcio e Pátria vencem - 18/12/2025 - Economia

Um consórcio entre Acciona e BRK e o Pátria Investimentos foram os vencedores do leilão de saneamento de Pernambuco, que aconteceu nesta quinta-feira (18) em São Paulo.

O projeto dividiu a área de concessão em duas. A Acciona e a BRK levaram o contrato do bloco Pajeú, que engloba 151 municípios. O Pátria vai ser responsável pelo bloco Sertão, com 24 cidades. Os contratos terão duração de 35 anos.

Uma dos maiores projetos do setor de saneamento dos últimos anos, a concessão de Pernambuco prevê R$ 19 bilhões em investimentos para universalizar os serviços em 175 dos 185 municípios do estado.

O critério do leilão foi híbrido: maior redução na tarifa e maior valor de outorga. Isso porque o edital limitou o abatimento na tarifa a 5% em cada lote.

Na disputa pelo bloco Sertão participaram o Pátria, a Aegea e a Cymi Brasil. A proposta mínima de outorga foi estabelecida em R$ 87 milhões.

Pátria e Cymi ofereceram o teto de desconto na tarifa; a Aegea ofereceu 3%. Como o Pátria propôs um valor de outorga muito superior à Cymi (R$ 720 milhões contra R$ 197 milhões), o fundo de investimentos foi declarado vencedor sem que a disputa fosse para a etapa de viva-voz —quando as companhias vão aumentando seus lances. A oferta representa um ágio de 727% em relação ao valor mínimo

O resultado marca a entrada do Pátria Investimentos no setor de saneamento. Nos últimos meses, o fundo vinha ampliando o portfólio de concessões rodoviárias.

No bloco Pajeú, não houve concorrência. Apenas o consórcio entre Acciona e BRK apresentou proposta, oferecendo os 5% de desconto sobre a tarifa mais uma outorga de R$ 3,5 bilhões (ágio de 60% em relação ao mínimo de R$ 2,2 bilhões).

Acciona e BRK Ambiental não vinham participando de leilões recentes do setor. O interesse no projeto e o consórcio entre as duas foi considerado uma surpresa nesse projeto.

Hoje, a BRK é responsável por uma PPP (parceria público-privada) de esgotamento sanitário no Recife e região metropolitana, projeto que pode gerar sinergia regulatória e operacional com a concessão mais ampla.

As empresas serão responsáveis pela distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto nos municípios abrangidos; a Compesa (estatal de saneamento) vai continuar responsável pela produção e venda de água tratada para a concessionária.

Segundo o Governo de Pernambuco, o objetivo da concessão é chegar à universalização no prazo determinado pelo marco legal, atingindo 99% de cobertura de água e 90% de atendimento com redes de esgoto até 2033.

O contrato estabelece a meta de reduzir as perdas gradualmente e prevê mecanismos de enfrentamento a um dos principais problemas do estado: a intermitência no fornecimento de água. Em até 180 dias após o início da operação, os vencedores deverão elaborar um plano de combate à intermitência, priorizando os municípios com racionamento e apontando intervenções imediatas.

O projeto foi alvo de contestação judicial. Dias antes do leilão, a Procompesa (associação dos empregados do grupamento superior da Compesa) acionou o Tribunal de Contas de Pernambuco com um pedido de medida cautelar para suspender o certame.

O documento apontou inconsistências no edital de concessão, e cita superestimativa nos índices de atendimento de esgotamento sanitário em diversas cidades. Segundo a representação, os dados distorcem a realidade econômica do projeto, o que fabricaria pedidos de reequilíbrio de contrato pela empresa vencedora logo após o leilão, já que os investimentos necessários para universalizar o serviço seriam maiores que os planejados.

Em discurso emocionado depois do leilão, a governadora Raquel Lyra (PSD) falou sobre a grave situação hídrica em Pernambuco, citando os problemas de intermitência em alguns municípios e regiões que já ficaram anos sem abastecimento de água.

Segundo ela, o estado não teria condições de universalizar os serviços de água e esgoto sozinho. A concessão, afirmou, vêm para resolver esses desafios.

“É decisão politica estar aqui. É eleger prioridades”, disse. “Não há democracia sem as pessoas terem direito a ter água na torneira.”

Raquel Lyra agradeceu ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que trabalhou na modelagem do projeto, e ao apoio do governo do presidente Lula (PT).

Segundo ela, os valores arrecadados com as outorgas serão usados pelo estado exclusivamente em projetos de abastecimento de água. A parte destinada aos municípios também deverá ser aplicada em obras de resiliência hídrica.

Caio Rocha

Sou Caio Rocha, redator especializado em Tecnologia da Informação, com formação em Ciência da Computação. Escrevo sobre inovação, segurança digital, software e tendências do setor. Minha missão é traduzir o universo tech em uma linguagem acessível, ajudando pessoas e empresas a entenderem e aproveitarem o poder da tecnologia no dia a dia.

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