Novo ‘Knives Out’ leva mistério e reviravoltas ao universo religioso; leia entrevistas
“Assistindo ao filme, você pensa: ‘de jeito nenhum eles vão amarrar todas essas tramas. Não tem como eles fazerem isso colar. É muito maluco. O que vamos fazer?’ E [Rian Johnson] conseguiu”, disse Cailee Spaeny ao falar sobre a primeira vez que leu o roteiro de Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out, terceiro longa da série de mistério do diretor e roteirista.
Desde seu primeiro capítulo, Entre Facas e Segredos, de 2019, a franquia vem subvertendo expectativas do público, brincando com clichês do gênero. Mais do que espectadores, as reviravoltas inesperadas nas investigações de Benoit Blanc (Daniel Craig) também chama a atenção dos atores.
Josh Brolin, Josh O’Connor, Glenn Close, Andrew Scott e mais se juntam num elenco estrelado, que se tornou padrão da franquia Knives Out. Kerry Washington, outra estrela de Vivo ou Morto, foi uma dessas profissionais que viu no mistério de Johnson um atrativo para do projeto.
“Esse final não estava nem perto do que eu estava imaginando”, contou em entrevista ao Estadão a atriz, que tem longa experiência com elencos numerosos e reviravoltas após anos de Scandal. “Fiquei muito animada de fazer parte de [Vivo ou Morto], porque é uma jornada muito divertida para o público.”
“Eu li o roteiro várias vezes, porque não entendi quando li pela primeira vez”, admite Mila Kunis. “Eu precisei ler de novo e ter um apoio visual.”

Novo filme de Rian Johnson, ‘Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out’ estreia na Netflix em 12 de dezembro Foto: Netflix/Divulgação
Famosa por sua coleção de estrelas, com nomes como Chris Evans, Ana de Armas, Jamie Lee Curtis, Kate Hudson, Dave Bautista e Edward Norton à frente dos dois primeiros filmes, a franquia bateu um recorde em seu terceiro capítulo. Contando com Blanc, são 11 personagens, entre aliados e suspeitos, de destaque na narrativa.
Kunis, cuja primeira experiência em Hollywood foi em um dos maiores sucesso dos anos 1990, That ‘70s Show, que também tinha elenco regular extenso, diz que, como todo diretor, “Rian é único”, mas extremamente capaz de controlar o ambiente. “Ele é magicamente único, especialmente quando se trata de lidar com todos esses atores e deixá-los ter uma experiência criativa, divertida e emocionante.”
“Ninguém nunca se sentiu apressado ou pressionado, ninguém nunca gritou, ninguém ficou bravo, todo mundo sempre se sentia como se tivesse respirando ar fresco na sala. Eu sei como ele faz isso, realmente, organizar tantos atores numa sala”, contou ela, dizendo ainda que todos os atores se sentiram “vistos, ouvidos, validados e todas as coisas que um ator precisa e quer”.
“É um pouco engraçado admitir, mas acho que é a experiência mais próxima que eu tive nos meus anos em Scandal”, comparou Washington, dizendo que o elenco de Vivo ou Morto se tornou quase tão unido quanto o da série de Ryan Murphy. Para ela, tanto o seriado quanto o filme da Netflix lhe deram a oportunidade de trabalhar com colegas que “amavam tanto um ao outro, e que sempre nos desafiam a fazer o nosso melhor trabalho e nos divertir enquanto fazíamos isso”.

Josh O’Connor e Daniel Craig em cena de Knives Out 3 Foto: Netflix/Divulgação
“Nem toda produção é assim, mas é tão especial ser parte deste grupo”, continuou. “Todo mundo entrou nessa para ser parte de algo maior do que um de nós, sabe?”
Para Spaeny, um grande atrativo para entrar num elenco tão numeroso foi o desafio de aprender algo novo. A atriz precisou aprender a tocar o violoncelo para Vivo ou Morto, em que ela vive Simone, uma jovem violoncelista afetada por uma doença degenerativa que lhe causa dores intensas.
“Eu lido com meus papéis todos do mesmo jeito”, disse ela. “Eu encontro algo que me conecta [ao roteiro], seja aprender uma habilidade como tocar o violoncelo ou fotografia, ou se encontro um livro que me ajuda a entendê-lo. Essa preparação é minha parte favorita.”
‘Vivo ou Morto’ e a religião
Na trama de Vivo ou Morto, um padre ultraconservador e charlatão (Brolin) morre após um de seus sermões, assassinado com uma faca nas costas. Dias depois, ele deixa a cripta em que foi enterrado, fortalecendo seu status como profeta para seus seguidores e intrigando Benoit Blanc.
A trama é uma forma de Johnson, criado católico, criticar os dogmas de religiões organizadas ao mesmo tempo em que enaltece os benefícios da fé. “Quando descobri que [Vivo ou Morto] era sobre religião, falei: ’estou dentro’”, disse Kunis. “O que eu amo em fazer filmes é que isso permite que outras pessoas tenham uma conversa em qualquer forma que eles escolham.”
“[Nosso filme] não quer mostrar um jeito certo, um jeito errado. Queremos permitir que você diga ‘isso é interessante’ e poder encontrar uma razão para falar sobre algo”, seguiu. “[Queremos] permitir que as pessoas vejam algo que as faça olhar no espelho ou dizer ‘nunca pensei assim’, ou ‘nunca vi isso dessa perspectiva’.”
O sucesso centenário do ‘quem matou?’
Aperfeiçoado na literatura por autores como Agatha Christie e Arthur Conan Doyle, o ‘quem matou?’ não é um fascínio pessoal de Johnson. Ao longo dos anos, Hollywood se apoiou no gênero em diferentes produções, com adaptações de best-sellers e séries procedurais sendo sucesso de público por gerações. “Há uma tradição de mistérios de assassinatos porque há algo muito humano em tentar descobrir o desconhecido”, opina Washington.
Para a atriz, a resolução de um mistério resolvido ao longo da obra traz um tom “interativo” à trama. “É uma forma de engajarmos com o entretenimento. E, depois disso tudo, temos a satisfação final de sair do cinema sabendo que tudo ficou bem, que descobrimos a resposta, fechamos todas as portas. Há algo realmente satisfatório nisso.”
“É uma experiência muito compartilhada”, adicionou Kunis. “[O ‘quem matou?’] é um desses gêneros em que você sente todas essas coisas e pode se virar para alguém e dizer ‘ele que fez isso’ e o outro dizer ‘não, ela que fez’… Há um elemento interativo nisto, com certeza.”
Onde assistir aos filmes ‘Knives Out’?
Essa interatividade será coloca à prova para o grande o público nesta sexta-feira, 12, quando Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out chegar à Netflix. Os dois primeiros filmes, também dirigidos e escritos por Johnson, já estão disponíveis na plataforma.



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