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O documento do Banco Central que ajudou Vorcaro a sair da cadeia

O documento do Banco Central que ajudou Vorcaro a sair da cadeia

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Para convencer a desembargadora Solange Salgado, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), a tirá-lo da cadeia, os advogados de Vorcaro anexaram aos autos do processo um documento do Banco Central detalhando uma reunião do executivo com o diretor de fiscalização do BC, Aílton de Aquino Santos, e com o chefe do departamento de supervisão bancária, Belline Santana. A agenda ocorreu no último dia 17 – horas antes da operação da Polícia Federal que o levou à cadeia.

O documento do BC diz que o executivo havia informado previamente à instituição que viajaria para Dubai, nos Emirados Árabes, para um encontro com um grupo de investidores estrangeiros. O ofício é assinado por Paulo Sérgio Neves de Souza, chefe-adjunto do departamento de supervisão bancária do Banco Central, que também participou da reunião.

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O despacho foi usado pela defesa de Vorcaro para se contrapor ao argumento de que ele estivesse tentando fugir ao viajar e que poderia deixar o país para escapar do avanço das investigações.

O BC, no entanto, frisou que o diretor de fiscalização e o Departamento de Supervisão Bancária não receberam “correspondência, e-mail ou mensagem escrita” com informações sobre a “viagem para finalização das tratativas com investidores árabes”. Ou seja, o que houve foi uma comunicação verbal de Vorcaro durante a videoconferência, que não foi gravada. Procurado pelo blog, o BC informou que não se manifestaria.

Vorcaro participou da reunião do BC por videoconferência na segunda-feira retrasada, entre 13h30 e 14h10. Acabou preso no mesmo dia, por volta das 22h, no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo, quando tentava embarcar em um jato particular para Malta.

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O ofício do BC foi citado pela desembargadora na decisão em que substituiu a prisão de Vorcaro e outros quatro executivos por medidas cautelares, como tornozeleira eletrônica, retenção do passaporte e proibição de manter contato com investigados.

“Os impetrantes anexaram prova demonstrando que o paciente comunicou previamente ao Banco Central sua viagem internacional com destino a Dubai, tendo informado formalmente o motivo da viagem — venda de instituição financeira — durante reunião oficial realizada na mesma data do embarque”, observou a desembargadora.

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“Assim, o risco residual de evasão do distrito da culpa mostra-se controlável por meio de medida menos gravosa, consistente na entrega e retenção do(s) passaporte(s), revelando-se esta providência apta e proporcional.”

Conforme informou o blog, ao longo da investigação que levou à prisão de Vorcaro e outros seis alvos na Operação Compliance Zero, técnicos do Banco Central relataram à Polícia Federal e ao Ministério Público que nunca tinham sofrido tamanha pressão política em favor de uma instituição financeira como a sofrida para tentar salvar o Master – primeiro aprovando a compra pelo BRB, vetada pelo BC em setembro, e depois para adiar a intervenção e dar chance para uma nova oferta, mesmo que inviável.

Informações do BC foram solicitadas pela defesa de Vorcaro

O Banco Central se manifestou sobre a reunião a pedido da defesa de Vorcaro, que pediu que fosse registrado no despacho detalhes sobre o teor da reunião, já que essas informações não costumam ser disponibilizadas no site do BC.

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Confira, abaixo, o que diz o ofício do BC sobre a videoconferência de Vorcaro:

“Na reunião o peticionante informou sobre as ações em curso para mitigar a crítica situação de liquidez do Conglomerado, informando que naquela data estava em tratativas com a Mastercard Brasil para formalizar novas condições contratuais que permitissem a liberação de recursos até então bloqueados em garantia, com o propósito de obter recursos suficientes para honrar as grades de liquidação do arranjo de pagamento.

Na sequência, passou a discorrer sobre as negociações em curso na busca de uma solução de mercado para o Conglomerado Master, tendo trabalhado para alienar o Grupo em três partes e para diferentes investidores. Informou ter sido essa a motivação para ter solicitado a antecipação da audiência agendada para o dia 19 de novembro de 2025, pois pretendia divulgar, até o final do dia 17 de novembro de 2025, a venda do Banco Master S.A. para um grupo de investidores nacional, e que viajaria para Dubai, nos Emirados Árabes, naquele mesmo dia, para a assinatura do contrato e anúncio da operação com o grupo de investidores estrangeiro que também passariam a integrar o novo bloco acionário da instituição.

Sobre essa transação, disse que iria realizar naquela mesma tarde reunião por videoconferência com representantes do Departamento de Organização do Sistema Financeiro para informar que estariam, naquela mesma data, protocolando o contrato de intenção de compra e venda para o início do processo de autorização junto ao BCB. Por fim, informou que esperava assinar o contrato de alienação da Will Financeira no dia 18 de novembro de 2025 e que estava trabalhando para anunciar até o final da semana a venda do Banco Master de Investimentos.”

Caio Rocha

Sou Caio Rocha, redator especializado em Tecnologia da Informação, com formação em Ciência da Computação. Escrevo sobre inovação, segurança digital, software e tendências do setor. Minha missão é traduzir o universo tech em uma linguagem acessível, ajudando pessoas e empresas a entenderem e aproveitarem o poder da tecnologia no dia a dia.

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